Quem foi citado, como opera o “algoritmo P”, a cronologia do caso e as mudanças que já começaram no Congresso e nos canais oficiais de denúncia.
13 de agosto de 2025 • Por Rap Growing
Em 6 de agosto de 2025, o youtuber Felca (Felipe Bressanim Pereira) publicou um vídeo de quase 50 minutos denunciando a adultização e exploração de crianças e adolescentes em conteúdos digitais. O impacto foi imediato: aumento brusco de denúncias em canais oficiais, pedido de CPI no Senado com ampla adesão e uma onda de projetos de lei na Câmara. A seguir, organizamos o que já se sabe, quem foi citado, o que muda na prática e onde denunciar.
O que é adultização (e por que é grave)
Adultização é a exposição de crianças e adolescentes a papéis, sexualidades e dinâmicas de pessoas adultas, antes de estarem emocional e legalmente preparados. No ambiente digital, isso aparece em “quadros” e “desafios” que sugerem sexualização, namoro, ciúme, flerte, ciências do corpo e outras situações inadequadas para a idade — muitas vezes disfarçadas de humor ou “reality”.
Risco triplo:
Psicológico: confusão de limites e impactos na autoestima/afetos.
Social: normalização de comportamentos adultos em rotinas infantis.
Criminal: violações do ECA e possível exploração sexual/financeira.
Como opera o “algoritmo P”
Felca descreve um efeito de recomendação em que plataformas passam a amplificar conteúdos ambíguos com menores, mesmo sem nudez explícita, porque geram alto tempo de tela e engajamento. O fenômeno, apelidado de “algoritmo P”, cria bolhas de recomendação que conectam adultos a vídeos com sinais de sexualização/“adultização” infantil.
“Não é um vídeo isolado. É um sistema que empurra mais do mesmo, cada vez pior.”
Quem foi citado (e as apurações)
Entre os casos apontados no vídeo, um dos principais nomes é o influenciador Hytalo Santos, cuja produção com menores em “reality caseiro” já estava sob investigação do Ministério Público da Paraíba. Após a repercussão, perfis foram derrubados/desativados e decisões judiciais determinaram restrições à presença dele nas redes, em caráter liminar.
Importante: toda citação a pessoas físicas deve ser lida como parte de apuração em curso. As investigações seguem sob órgãos oficiais; a Rap Growing acompanha os desdobramentos.
Repercussão institucional: CPI e projetos de lei
O efeito foi imediato no Congresso:
Senado: formalizado o pedido de CPI para investigar a exploração/adultização infantil nas redes, proposta por Jaime Bagattoli (PL-RO) e Damares Alves (Republicanos-DF), com 70 senadores signatários.
Câmara: apresentação de 32 projetos de lei para combater a adultização e a exposição indevida de menores — incluindo medidas sobre monetização, deveres de plataformas, autorização judicial e penalidades.
Denúncias oficiais explodem
Nos primeiros 11 dias de agosto, os canais oficiais registraram 261 denúncias de violência sexual on-line contra crianças e adolescentes — 243 delas após a publicação do vídeo de Felca. É o maior volume em seis anos para o período, segundo dados obtidos junto ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Cronologia do caso
Data
Fato
06/08/2025
Felca publica vídeo sobre adultização/exploração de menores.
09–12/08/2025
Vídeo viraliza; autoridades locais e federais intensificam apurações; decisões judiciais liminares contra influenciadores citados vêm a público.
12/08/2025
Senado formaliza pedido de CPI com 70 assinaturas.
11–12/08/2025
Câmara contabiliza 32 projetos de lei relacionados ao tema.
Até 13/08/2025
Denúncias oficiais batem recorde para o período (261 no mês; 243 após o vídeo).
Análise: o que muda agora
O caso Felca é um ponto de virada: ele mostrou que alcance digital pode pressionar instituições e gerar respostas rápidas. O risco é o apressamento legislativo criar normas vagas. O caminho responsável precisa combinar:
Leis claras (definições objetivas, proteção jurídica a menores e responsáveis legais).
Deveres de plataformas (detecção proativa, derrubada célere, revisão humana qualificada).
Educação digital (famílias e escolas com ferramentas para reconhecer/denunciar).
Rastreabilidade de monetização com menores (transparência + auditoria).
Como denunciar (guia rápido)
Disque 100 (Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos) — 24h, gratuito, anônimo.
Plataformas: use “denunciar” no próprio app (marque “menores/sexualização”).
Conselho Tutelar / Ministério Público: leve prints, URLs, data/hora e, se possível, link arquivado.
SaferNet Brasil: canal para denúncia de crimes e orientação de segurança digital.
Quem é Felca
Felipe Bressanim Pereira, 27, criador de conteúdo e humorista, ganhou alcance com vídeos críticos sobre tendências da internet. Em 2025, o vídeo sobre adultização impulsionou o debate público e abriu frentes institucionais de resposta.