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Libertadores 2019: 3 Minutos para a Eternidade | Rap Growing

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Rap Growing • Publicado em 11/08/2025

23 de novembro de 2019, Estádio Monumental, Lima. Primeira final de Libertadores em jogo único. De um lado, o River Plate copeiro de Marcelo Gallardo, campeão no ano anterior. Do outro, o Flamengo de Jorge Jesus, máquina no Brasileirão, tentando encerrar um jejum continental de 38 anos. O roteiro parecia decidido aos 14′ — e foi rasgado aos 43′ e 46′ do segundo tempo.

Contexto: a final que mudou de sede e de lógica

Originalmente marcada para Santiago, a decisão foi transferida para Lima por questões de segurança no Chile. A Conmebol estreava o formato de jogo único, elevando a tensão de cada detalhe. River chegou carregando a aura de time de mata-mata. O Flamengo, em estado de graça, buscava transformar encantamento em taça.

Os times e as ideias

  • Flamengo (Jorge Jesus): bloco alto, saída curta com laterais-cérebro (Rafinha/Filipe Luís), dupla Arão + Gerson para construir por dentro e tridente criativo Everton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique municiando Gabigol.
  • River Plate (Marcelo Gallardo): pressão coordenada no meio para cortar linhas de passe, Enzo Pérez como guarda-costas de tudo, amplitude pelos lados e agressividade no pós-perda. A ideia era desafinar o toque do Flamengo e acelerar a transição.

Cronologia de um drama

  • 14′ 1ºT — 0x1 River: após recuperação no meio, bola rápida encontra Rafael Borré dentro da área. Finalização seca. Jogo fica na mão argentina: ritmo cortado, faltas táticas, relógio como aliado.
  • Intervalo: Flamengo volta com mais volume, empurra o River para perto da própria área. Diego entra na etapa final e dá tempo à posse rubro-negra (giros, inversões, paciência).
  • 43′ 2ºT — 1×1: troca rápida pela direita, infiltração de Arrascaeta e o toque de Gabigol na pequena área. Lima explode. O favorito volta à mesa.
  • 46′ 2ºT — 2×1: lançamento longo, erro na saída argentina, Gabigol domina e fuzila. Virada em três minutos. Catarse. Nos acréscimos, o 9 é expulso, mas já está escrito.

Leitura tática (por que virou?)

  • Resiliência psicológica: o Flamengo não se desorganizou com o 0–1. Manteve a bola e aumentou o cerco por fora, atraindo o River para dentro.
  • Meio-campo em camadas: com Diego, o time passou a respirar entre linhas, encontrando Everton e Arrascaeta por dentro e liberando Bruno Henrique para atacar profundidade.
  • River cansou de defender bem: a excelência de Gallardo é pressionar e transitar; ao recuar cedo demais, perdeu a válvula de escape e cedeu o erro fatal no fim.

Consequências imediatas

  • Dobradinha histórica: no dia seguinte, com tropeço do adversário direto, o Flamengo confirmou também o Brasileirão. América + Brasil no mesmo fim de semana.
  • Gabigol em bronze: dois gols em final única eternizam o 9 no panteão rubro-negro.
  • Gallardo segue gigante: perde a taça, mantém a lenda de time competitivo em qualquer cenário.

Legado cultural

“Lima 2019” virou sinônimo de virada impossível. Os 180 segundos finais são repetidos como mantra em arquibancada, barbearia e grupo de família. Para o torcedor, é o capítulo que conecta 1981 a uma geração inteira que só ouvira falar de Zico e cia. Para a Libertadores, foi a prova de conceito do jogo único: espetáculo, tensão e narrativa global.

Final únicaVirada históricaJorge JesusMarcelo GallardoGabigol

Ficha rápida

  • Competição: CONMEBOL Libertadores
  • Data: 23/11/2019
  • Local: Estadio Monumental “U”, Lima (PER)
  • Placar: Flamengo 2–1 River Plate
  • Gols: Borré 14′ (RIV); Gabigol 43′ 2ºT e 46′ 2ºT (FLA)
  • Técnicos: Jorge Jesus (FLA); Marcelo Gallardo (RIV)
  • Observações: decisão em jogo único; Gabigol expulso nos acréscimos.

Quem mudou o jogo

  • Diego — entradas entre linhas e inversões que deram calma à posse.
  • Arrascaeta — leitura de espaço para o 1º gol.
  • Gabigol — oportunismo e frieza nos dois lances decisivos.

Depois de Lima: o Flamengo foi ao Mundial de Clubes e caiu para o Liverpool na prorrogação. Ainda assim, a noite peruana já havia esculpido uma era.

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