Como o gênero que nasceu como denúncia social se consolidou no topo das paradas, sem perder suas raízes.
13 de agosto de 2025 • Por Rap Growing
O rap brasileiro de 2025 não é o mesmo de 20, 10 ou até 5 anos atrás. O que começou como grito de resistência nas periferias hoje divide espaço com pop, trap e funk nas paradas, mas mantém viva a essência de narrar a realidade de quem vive à margem. Entre lançamentos que batem milhões de streams em horas e discursos cada vez mais conscientes, o rap se reinventa sem abrir mão do compromisso com a rua.
Raízes e evolução
Nos anos 90, grupos como Racionais MC’s, Posse Mente Zulu, Consciência Humana e RZO colocaram a periferia no mapa da música brasileira com letras diretas sobre racismo, violência policial e desigualdade. A partir dos anos 2000, nomes como Emicida, MV Bill e Projota abriram portas no mainstream, levando o rap para a TV, premiações e campanhas — sem suavizar a mensagem.
“O rap é a trilha sonora da sobrevivência.” — frase de efeito alinhada ao tom da matéria
O boom do digital e a virada do jogo
O streaming virou a chave. Plataformas como Spotify, YouTube e TikTok democratizaram a distribuição e acortaram a distância entre MC e audiência. A lógica deixou de ser “ter acesso” e passou a ser “ter algo a dizer” com consistência e frequência.
Independência: artistas lançam direto do estúdio para o público, com métricas em tempo real.
Comunidade: a conversa acontece no comentário, no post, na DM — e pauta o próximo som.
Velocidade: ciclos de lançamento curtos e clipes pensados para mobile viram padrão.
Fusão que amplia alcance: rap, funk, trap e R&B
A mistura com o funk e o trap expandiu audiências e abriu novas estéticas. Colaborações entre MCs de quebrada e nomes do rap “tradicional” normalizaram o trânsito entre pistas e playlists editoriais.
Exemplos recentes mostram refrões melódicos, 808 grave e narrativas de ascensão convivendo com letras de denúncia — uma assinatura brasileira da fase atual.
Rap consciente no topo (sem perder a mão)
O discurso político e social segue pulsando: raça, território, fé, saúde mental, afeto preto. Obras marcantes provaram que é possível conciliar relevância comercial com profundidade lírica e curadoria de produção.
Por que funciona:
Voz autoral e referência local.
Estética própria de beats e clipes.
Estratégia de lançamento multiplataforma.
Mercado, festivais e marca pessoal
Festivais abraçaram a estética do rap/trap e a presença do gênero cresceu em line-ups antes dominados por pop/rock. A marca pessoal do artista (vlogs, bastidores, lifestyle) virou parte do storytelling — aproxima e fideliza público.
O que vem agora
O rap brasileiro de hoje é múltiplo: fala de luxo e ostentação, mas também de racismo e resistência; domina o streaming e os palcos, mas não esquece as batalhas nas praças. Essa dualidade mantém o gênero vivo, com a rua sempre como ponto de partida.
Alee e Filipe Ret lançam videoclipe de “TUDO DE NOVO” após o sucesso de “CAOS DLX”
Projeto que chegou ao 2º lugar entre os álbuns mais ouvidos do Brasil na semana de estreia e já tem Disco de Ouro ganha novo impulso com o audiovisual dirigido por Cauã Csik.
Em poucas linhas:
Clipe de “TUDO DE NOVO” sai nesta quinta (14/8), direção de Cauã Csik.
Faixa une Alee (NADAMAL) e Filipe Ret e viralizou em posts de Maísa, Gabigol (Cruzeiro) e Yuri Alberto (Corinthians).
CAOS DLX foi o 2º álbum mais ouvido do Brasil na semana de lançamento, tem Disco de Ouro e ultrapassou 100 milhões de streams.
O encontro que virou hit
A união entre uma das principais promessas da música brasileira e um dos maiores expoentes do rap nacional rendeu mais um capítulo: “TUDO DE NOVO”, composta por Alee e Filipe Ret, ganhou clipe oficial. O audiovisual traz cenas de vivências reais dos artistas e dialoga diretamente com a letra — disposição pra correr atrás dos sonhos, fé no processo e celebração das vitórias pela arte.
“Sou muito agradecido pelo Ret ter acreditado na vibe astral da faixa e por ter somado no som”, diz Alee.
“É um artista que acredito muito e fiquei feliz demais de estar na faixa com ele. Ele é merecedor de cada passo que vem conquistando”, comenta Filipe Ret.
Impacto nas redes e nos palcos
Com mensagem positiva e refrão forte, o áudio de “TUDO DE NOVO” ficou em alta nas redes e virou trilha para publicações de nomes como Maísa, além dos atacantes Gabigol, do Cruzeiro, e Yuri Alberto, do Corinthians. O momento coroa a fase de ascensão de Alee: em 2025 ele se apresentou no Lollapalooza, fez sold out no Circo Voador em julho e agora se prepara para subir ao palco principal do The Town em setembro.
O ciclo do CAOS
CAOS DLX fecha uma trilogia iniciada com DIAS ANTES DO CAOS (fev/2024) e seguida por CAOS (set/2024). O deluxe consolidou o projeto: 2º álbum mais ouvido do Brasil na semana de lançamento, Disco de Ouro e mais de 100 milhões de streams. Em 2025, Alee ainda apareceu duas vezes no Top 50 Viral do Spotify com “Party” e “Pagão” (com Klisman), que também entrou em alta no YouTube.
Ficha técnica (resumo)
Música: “TUDO DE NOVO”
Artistas: Alee & Filipe Ret
Álbum: CAOS DLX (versão deluxe de CAOS)
Direção do clipe: Cauã Csik
Gravadora: NADAMAL
Certificação: Disco de Ouro
Streams do projeto: 100M+
Lançamento do clipe: 14/08/2025
Sonoridades no disco
Alee explora trap, R&B e afrobeat, somando feats de artistas com quem mantém afinidade criativa.
Um mestre da lírica e uma lenda do freestyle dividindo o mesmo microfone: não tinha como o resultado ser menos que marcante. No single “Manequim”, Nog e Dudu celebram a jornada de quem veio da rua rimando, enfrentou batalhas e hoje domina qualquer palco com autenticidade, carisma e, claro, muita técnica.
O encontro de dois estilos marcantes
Nog, conhecido por sua escrita afiada, rimas cheias de sagacidade e um timbre grave que impõe respeito, entrega versos que equilibram reflexão e impacto. Sua forma de contar histórias, sempre conectada à vivência, transforma cada linha em algo que o público sente na pele.
Dudu, por sua vez, carrega no currículo o título de lenda das batalhas de rima. Sua habilidade no freestyle e domínio total de métricas fazem dele um MC imprevisível e versátil. Em “Manequim”, ele une essa espontaneidade ao cuidado da escrita de estúdio, provando que sabe transitar entre improviso e gravação com maestria.
Produção moderna com essência de pista
O beat é assinado por Paiva, que construiu uma base moderna e envolvente, marcada por bateria pulsante e camadas sonoras que convidam o corpo a acompanhar o ritmo. O refrão é daqueles dignos de pista: simples, memorável e viciante — feito para grudar na mente de quem ouve.
Homenagem ao Rei do Pop
O detalhe que surpreende: “Manequim” carrega uma referência direta a Michael Jackson e sua clássica “Billie Jean”. Seja na cadência ou na atmosfera, o tributo é sutil, mas perceptível para os atentos, adicionando um toque nostálgico e sofisticado à faixa.
Do estúdio para as ruas (e vice-versa)
O lançamento reforça como Nog e Dudu, mesmo vindos de trajetórias diferentes, compartilham a mesma essência: a de artistas que entendem o valor da rua, mas também dominam o estúdio e a estética contemporânea do rap. Em “Manequim”, eles não apenas rimam — eles narram, representam e reafirmam seu espaço no jogo.
Hora de ampliar o radar: selecionamos seis nomes gringos que estão entregando som, identidade e fome de jogo. Abaixo você encontra a faixa certa para começar e uma leitura rápida do que cada artista traz de diferente para a mesa.
1) Mr. Bronco — “Prayers Up”
Por que ouvir: Flow confiante sobre um instrumental sombrio e cinematográfico. Mr. Bronco costura barras com imagens fortes, alternando punchlines e relatos de vivência sem perder o pulso do beat.
Leitura rápida: A faixa equilibra agressividade e introspecção: hook direto, versos densos e um timbre rouco que encaixa no grave. Boa escolha para playlists de treino e mood noturno.
Para fãs de: street rap, beats escuros
Ponto forte: presença vocal e escrita segura
2) germanxanny — “pilot”
Por que ouvir: Clima etéreo + drums secos. “pilot” tem aquele DNA alt-rap com melodias quebradas e refrão minimalista que gruda sem apelar.
Leitura rápida: O artista brinca com espaços e texturas: verses quase sussurrados, camadas de voz e um beat que respira. Boa pedida para quem curte estética experimental sem perder a mão do hook.
Para fãs de: alt/emo rap, bedroom aesthetics
Ponto forte: atmosfera e design de som
3) Yung Malo — “Legend”
Por que ouvir: Trap motivacional com energia de arena. “Legend” é construída para levantar plateia: refrão expansivo, adlibs certeiros e bateria que bate na frente.
Leitura rápida: Lírica direta, voltada a superação e foco. A interpretação segura dá o peso que o tema pede — fácil de imaginar em vídeos de highlight e reels de conquista.
Para fãs de: trap de vitória, stadium hooks
Ponto forte: refrão grande e mix polida
4) The Ruelz Rekka — “I Want Mine”
Por que ouvir: Rap de cobrança, linha reta, sem rodeio. Beat com swing de costa leste e linhas percussivas que empurram a narrativa para frente.
Leitura rápida: Versos bem amarrados e delivery firme criam um senso de urgência: é sobre reivindicar espaço e respeito. Produção seca favorece a inteligibilidade das barras.
Para fãs de: boom-trap, east coast grit
Ponto forte: cadência e assertividade
5) LordCassiusJay — “The Plunge”
Por que ouvir: Trap introspectivo com toque cinematográfico. “The Plunge” mergulha em temas de risco e evolução pessoal, com linhas melódicas que conversam com o subgrave.
Leitura rápida: Flow controlado, troca de alturas na voz e um refrão que cresce na segunda metade. Musicalidade acima da média e um senso de direção artística claro.
Para fãs de: Travis-school, storytelling emotivo
Ponto forte: construção de clímax e ambiência
6) M.A.M. — “Boomerang”
Por que ouvir: Groove imediato e hook “chiclete”. “Boomerang” usa metáforas simples e eficientes para falar de ciclos e recaídas, com um bounce que pede replay.
Leitura rápida: Lines espertas, timbres nítidos e um arranjo enxuto que valoriza o refrão. É aquele som certo para playlists de mood leve e sessões de carro.
Para fãs de: melodic trap, daytime vibes
Ponto forte: refrão memorável e bounce
Como ouvimos: priorizamos composição, presença vocal, desenho de som e replay value. Achou um nome que faltou? Manda pra gente que a próxima curadoria pode trazer sua descoberta.
Rap Growing — curadoria, pesquisa e conteúdo sobre rap e cultura urbana.