Por Rap Growing • Acre • 12 de outubro de 2025
Do Acre à Las Vegas, passando por quedas, viradas e fé inabalável — Ramon Dino finalmente chegou ao ápice do fisiculturismo mundial. Em 2025, ele conquistou o título inédito de Mr. Olympia Classic Physique, se tornando o primeiro brasileiro campeão masculino do Olympia. Um feito gigante para o Brasil.
Raízes humildes: o começo no Acre
Ramon Rocha Queiroz — o “Dino” — nasceu no interior do Acre, região longe dos grandes centros do fisiculturismo. Lá, as oportunidades eram escassas, os custos altos, e o sonho parecia distante. Sem patrocínios, com restrições financeiras, ele batalhou para ir a campeonatos.
Quando disputou o Mr. Olympia Brasil em 2018, foi a chance de virar profissional: conquistou o título e ganhou o cartão da IFBB Pro na categoria Classic Physique.
Mas não foi fácil: muitos anos com poucas estruturas, treinos improvisados, dietas apertadas. Mesmo assim, ele persistiu.
Profissional desde 2021: as batalhas com Bumstead e os vice-campeonatos
Em 2021, Dino ingressou oficialmente no circuito profissional de fisiculturismo. Ele competiu no Europa Pro e garantiu vaga para o Mr. Olympia daquele ano — ficou em quinto lugar.
Desde então, sua carreira foi pautada por pódios, combates e subidas íngremes. Em 2022 e 2023, Ramon foi vice-campeão do Mr. Olympia na Classic Physique, quase tirando o reinado de Chris Bumstead (CBum), lenda que dominava a divisão há anos.
O duelo com Bumstead se tornou inevitável: muitos já viam Dino como sucessor. Comentava-se que ele tinha “físico de clássico + garra de pelada”. E muitos no Brasil acompanharam essa saga como torcedores fiéis da luta interna da categoria Classic Physique.
2024: o ano frustrante e a queda no Olympia
Em 2024, Dino chegou como um dos favoritos — mas o resultado foi cruel. Ele ficou apenas em **4º lugar** no Mr. Olympia Classic Physique.
Era uma fenda na narrativa que muitos vinham construindo: o brasileiro que já tinha sido vice duas vezes agora não entrou no top 3. Muitos pensaram que poderia ser o colapso de uma carreira, o momento de desistir, já que o assunto nos bastidores era de que ele era apenas apegado à sua genética e não fazia o trabalho necessário para ser campeão.
Mas Dino reagiu. No Mr. Olympia Brasil 2024, ele retomou força e venceu a edição nacional, garantindo vaga para a Olympia 2025.
E mais: sua postura mudou. Ele passou a agir como campeão mesmo antes de conquistar: mais foco, presença, comunicação, mentalidade de quem vai para vencer. O desgaste daquele 2024 serviu de combustível.
2025: a virada e o título mundial
No Mr. Olympia 2025, realizado em Las Vegas, Dino chegou com status de favorito entre muitos — especialmente após a aposentadoria de Chris Bumstead, que deixou o cenário aberto.
Na fase de julgamento (prejudging), ele se destacou entre os melhores. Ao final, superou o alemão Mike Sommerfeld (vice) e o norte-americano Terrence Ruffin (terceiro).
“Qualquer um do top 5 pode ser campeão se chegar bem, mas esse dia foi nosso.”— Ramon Dino
Com essa vitória, Ramon Dino não só conquistou seu título mais desejado, mas escreveu seu nome na história: *o primeiro brasileiro* campeão do Mr. Olympia em alguma categoria masculina.
É uma virada épica, da chamada “trave” de anos anteriores à coroação definitiva.
O que é o Mr. Olympia e por que esse título importa?
O Mr. Olympia é o campeonato mais prestigioso do fisiculturismo mundial, organizado pela IFBB. É o ápice para quem compete profissionalmente: vencer o Olympia é ser reconhecido como o melhor em sua divisão no planeta.
A categoria Classic Physique foi criada para resgatar a estética “clássica” do fisiculturismo — corpos musculosos, mas proporcionais, linhas elegantes, simetria e controle. Há limites de peso em relação à altura, para que ninguém sacrifique estética em favor do volume extremo.
No cenário global, Chris Bumstead dominou essa divisão por anos — com seis títulos — até se aposentar após o Olympia 2024. Seu adeus abriu caminho para a nova geração.
Um ídolo que vai além do futebol: o novo campeão brasileiro
No Brasil, a cultura esportiva — para muitos — sempre girou em torno do futebol. Mas Ramon Dino mostra que também é possível fazer ídolos em outras arenas, com suor, corpo e alma. Ele representa um novo patamar para o fisiculturismo nacional.
O boom do universo fitness nos últimos anos — musculação, redes sociais, busca estética, estética de performance — deu força ao fisiculturismo brasileiro. Atletas antes “desconhecidos” hoje viram celebridades do corpo, academias de bairro deram lugar à verdadeiros Centros de Treinamento de Fisiculturismo, recursos ergogênicos de maior qualidade, intercâmbio com atletas internacionais constantemente.
E o mercado começou a acompanhar: hoje, atletas de ponta têm patrocínios, venda de suplementos, convites para eventos nacionais e internacionais — o prêmio do Mr. Olympia também é pesado. Na Classic Physique, o campeão já recebe somas altas: em 2024, o vencedor levou cerca de $50 mil dólares — ~R$ 270 mil — e o segundo lugar ficou com $20 mil.
Para um brasileiro ganhar esse topo, era algo que há alguns anos atrás era inimaginável, mas hoje já contamos os dias para o bi-campeonato de Ramon em 2026
Referências e para saber mais
Leia também: Ramon Dino: trajetória, vitórias e planos após o Olympia
RAP GROWING — CULTURA EM MOVIMENTO
Ramon Dino, Mr Olympia, Classic Physique, Brasil, fisiculturismo, trajetória, Chris Bumstead, Olympia 2025